14 de jun. de 2006

Dias de estrada - Parte 3


Aí pessoal, demorou, mas aí vai a continuação do diário de bordo da “minitour porongas”
- Seguindo a última postagem do Diogo, fomos para o local do Show em Goiânia.


20/05 - Festival Bananada, Centro Cultural Martim Cererê
Goiânia / GO

O local é um sonho para qualquer realizador de um evento desses. Duas caixas d´água gigantes, que tornaram-se espaço para shows. Um som poderoso nos dois palcos, excelente equipe de sonorização, roadies mais do que prestativos, técnicos de som dispostos a trabalhar. A mistura de todos esses ingredientes facilitou e muito a missão de mandar um som em Goiânia. Confesso que senti um pouco de receio quanto à receptividade do público goiano, sentimento esse que sucumbiu aos primeiros acordes de Tudo ao Contrário, despertando a atenção da galera presente. Depois da introdução, deixei de lado os pensamentos fiz aquilo que já estávamos nos acostumando à fazer: conectar-se e mandar ver no som.. Ver aquele monte de braços levantados batendo palmas em Ao Cruzeiro foi satisfatório demais. E ponto!
Ah, a galera do Acre, como sempre, presente, com camisas e tudo!! Como constata o Diogo: “tem acreano em todo o lugar!”.

Show no Bananada

Encontramo-nos novamente com Terence Machado, do Alto-Falante, mais um grande mineiro gente boa, entre todos aqueles já citados no post anterior do Diogo. Conversamos bastante, todos na banda sempre comentam o quanto é agradável poder trocar uma idéia com o cara!
Fim de evento, tantas da madrugada, é hora de voltar para o hotel e tirar aquelas poucas horas de sono, para embarcarmos para o Rio – dessa vez sem atraso!!


Segunda, 22/05
Rio de Janeiro – chuva e frio

Após as longas 17 horas de estrada, longos minutos fizeram-se presentes na caótica e entrada da capital carioca. Favela, morro e mais favela / num tom cinza que revela / o quanto é distante e bela / a beleza pouca de metros praianos. Mesmo assim é uma beleza que vale muito a pena conhecer, embora o clima chuvoso e frio que pairava sobre a cidade.
Casos cômicos e surreais:
- o carregador da rodoviária que só transportou as bagagens até o táxi (cobrando R$ 2,00 por cada volume) e não as carregou no veículo: “mermão, eu não carriégo, só transchporto!”;
- o taxista, ao ser abordado pelo Diogo para desligar o som do carro, que emitia as palavras altas de um irritante bate-papo sobre a situação da segurança dos condomínios cariocas: “iiiihhhh, óucara aí... ta de mal com a vida é?”
- do português meio surdo que não conseguia explicar que só havia um quarto disponível no Hotel Marajó.
... entre outros.....


Fabiano e Cíntia
Ainda na segunda, recebemos a visita do Fabiano, nobre amigo acreano, que vive no Rio, companheiro de bandas das antigas, ex-aluno do Anzol, enfim, o cara é de casa...
O Fabiano toca em duas bandas por lá, além de estudar música. Ele e sua grande amiga, Cíntia, acreana de coração sem conhecer o Acre, foram os nossos grandes cicerones nas terras cariocas. Companhia muito agradável.
Fabiano e Cíntia, levaram-nos ao Sahara, um centro comercial muito antigo, que vende de tudo. Fizemos festas na loja dos óculos escuros por atacado. E a chuva só aumentava.
Na terça-feira, fomos nos apresentar no programa Atitude.com, da TVE/RJ, a convite do figuraça Pedro Paulo, é diretor do programa e assistiu ao nosso show no MADA. Conhecemos o seu apresentador, Léo Almeida, outro figura, que domina muito bem a condução de um programa ao vivo, que naquele dia tinha como tema a prática do jabá. Mandamos Lego de Palavra e Nada Além, uma rápida entrevista e “falou, galera!”.
*Fabiano e Cíntia estavam por lá, registrando tudo...


Ao vivo no Atitude.com - TVE/RJ

O Show no Odisséia
Após a TVE, deixamos as tranqueiras no Teatro Odisséia, onde tocaríamos mais tarde na Festa Laboratório Pop. Apesar da chuva forte e persistente, cerca de 300 pessoas foram ao local para assistir as bandas. A festa ia contar ainda com as bandas MopTop, Ímpar (nossos já amigos mineiros), Filhos de Judith, Biquini Cavadão, O Sete e Tantra.
Durante o nosso show, mais uma vez a galera do acre presente, com direito à famosa bandeira. Deixamos nosso recado. A recepção foi boa, foi um show em que nos sentimos bem à vontade, tinha um puta som, e uma excelente equipe de palco.

Festa Laboratório Pop - Teatro Odisséia /RJ


Após o show tivemos a honra de conhecer o Bruno Gouvêa, vocalista do Biquíni, que disse ter curtido muito a banda. Tem até um post muito massa em sua coluna, no site Laboratório Pop:

http://laboratoriopop.uol.com.br/pagina.php?abrir=texto_colunista.php&idcolunista=32. Lá também estava Mário Marques, editor-chefe da Lab-Pop e uma grande figura da cena rock carioca e brasileira, responsável pelo convite para tocarmos no Rio.




Quarta – 24/05
Brasília - A Pensão Seabra
Na quarta, embarcamos de avião para Brasília. Após experimentarmos, mesmo que por um pouco as experiências das viagens, iríamos agora para a nossa missão fonográfica.
Após uma tensa arremetida, por erro da torre de comando, pousamos (com segurança) em solo brasiliense e nos dirigimos para o apê do Fernando Rosa (Senhor F). Pausa para o já mencionado café metropolitano, fomos para a casa do plebe rude Philippe Seabra, sede do Estúdio Daybreak, para inaugurarmos a “Pensão Seabra”.
Pausa para explicação técnica: “A Pensão Seabra surgiu diante da impossibilidade do deslocamento diário de log6[f(x)4¹³²¼ 103 sul (hotel), para log8[2y+2x] norte(casa do Philippe)” Enfim, ao invés de dependermos das salgadas bandeiradas de táxi do distrito federal, ficaríamos na casa do cara mesmo. Pensando nisso, Fernando e Philippe e família providenciaram dois beliches, roupas de cama, a suíte de hóspedes da casa, e reduzimos nossa distância do estúdio a alguns passos. Grande idéia! A pensão Seabra ainda vai hospedar muita banda por aí!! A Pensão Seabra foi oficialmente batizada de "Daybreak Hotel".
*Fomos muito bem recebidos pela mãe do Philippe, Dona Silvia (um amor de pessoa) e por sua namorada-esposa Fernanda.



As gravinas
Como já foi descrito em posts anteriores, já havíamos conhecido o Philippe na ida para o Mada, em Natal. Ele já havia nos ouvido ao vivo e dado uns pequenos toques sobre algumas músicas. Na quinta-feira, demos início às gravinas. “Levantamos” o som da bateria e o Anzol começou a desferir suas baquetadas no estúdio. De cara, o som da bateria veio lindo, pesado, com uma puta acústica! Isso empolga qualquer músico ávido por registrar aquilo em que está acostumado ao ouvir ao vivo.


Anzol gravando as bateras


Sem contar que contávamos com um grande diferencial daquilo que tínhamos como experiência de estúdio: a produção. E isso o Philippe demonstrou dominar muito, com seu excelente ouvido e suas válidas orientações.
As bateras foram gravadas em um dia e meio, e as linhas de baixo também.


Gravando os graves...

...ouvindo os graves gravados


Guitarras...




Arsenal Sonoro



Sala de controle do Daybreak


Orientações..

Na sexta, 26, fizemos o último show da minitour, na “Noite Senhor F” do Gate´s Pub.Um local agradável, com um som audível, embora um pouco sem peso, mas compensado pela forte energia do lugar. Dividimos o palco com a dupla “pirulitesca” do Lucy & de Popsonics e os “psychobillyanos” Sapatos Bicolores. Detalhe: na confecção do flyer dos shows, devido a nossa volta do Rio, fomos destacados como banda carioca..! Tranquilo..
Pudemos novamente encontrar acreanos, entre eles o jornalista Pitter Lucena, que divulgou a torto e direito nosso show em BSB, Mariana, irmã da eterna “caricata” Carol Freitas, o “nóis
e nóis” Hugo Gallo, entre outros.

Show no Gate´s Pub - Brasília/DF
Em seguida, demos início às guitarras, o que custou um pouco mais, para encontrarmos os timbres ideais. Na semana seguinte, o Diogo voltou para Rio Branco, para cumprir com suas obrigações trabalhistas. Continuamos o processo de gravação, aprendendo sempre mais, com o Philippe no comando.
Na sexta-feira seguinte 02/06, rolou um show do Biquíni no Café Cancun, uma casa de shows Brasília. Recebemos o convite pessoal do Bruno para assistirmos ao show, e fomos até o hotel bater um papo com ele. Anzol e Magrão assistiram ao show e eu fui com o Dideus, outro nobre amigo acreano, a uma festa black/soul num pub chamado Landscape. Me senti no bar da Malú... Tinha hora que até parecia que eu conhecia alguém dali...
Sabadão, o Diogo retornou para gravar os vocais, e passamos o fim de semana fazendo o social no Porão do Rock, além do churrasco de confraternização Senhor F, que rolou na casa do Philippe.

Churrasco Senhor F

Diogo e Mário Marques (Lab Pop)

1ª "audição pública" das gravações

Conhecemos a galera das outras bandas do selo, Volver e Superguidis, duas grandes revelações dessa nova cena. Junto com o Fernando Rosa, fomos ao porão conhecer gente nova, assistir ao show da Volver (um dos melhores do festival) e fazer contatos, muitos contatos. Deles, surgiu a possibilidade de uma nova tour, dessa vez a minitour Senhor F, em agosto, e que ainda está em fase de articulação.,
Rolou também um show da Superguidis na Expotchê, na última sexta que ficamos por lá. Que bandassa vivo! Um som sólido, guitarras muito bem trabalhadas, belas melodias, vocalista com presença de palco e imagens poéticas mil...


A volta e a grata surpresa
A volta foi gradativa, Anzol voltou no começo da semana, Magrão na quarta, eu e Diogo no último sábado 10/06, onde, ao acordarmos de manhã, nos deparamos com o recorte de uma matéria de capa imensa no Jornal do Brasil, que o Mário Marques havia conseguido. Uma vizinha do Philippe havia deixado o recorte lá. Tentei fazer um “rapa” das edições do JB no aeroporto de Brasília, mas só haviam duas, esgotadas automaticamente no ato...rs
Quem quiser conferir a matéria é só clicar na imagem abaixo (lá, clicar em "Edições Anteriores" - 10/06 - "Caderno B" ):


Enfim, esses 22 dias de música intensamente vivida demonstraram o poder que a arte exerce sobre a vida, independente de onde ela esteja sendo feita. Mesmo com algusn momentos difíceis, levamos a música do Acre para outras capitais, confiamos nas mãos de outras pessoas para o mais sincero registro, e obtemos um grande aprendizado de vida!!


abraço,

João Eduardo