A mini tour dos porongas começou na madrugada de quarta para quinta, quando embarcamos rumo a Belo Horizonte. No vôo encontramos o Presidente da FEM, Assis Pereira, que ia participar de um Forum no interior do Mato Grosso. Ele e outras pessoas, inclusive o pessoal da Gol, nos desejaram boa sorte na empreitada. O matador vôo da Gol, que sai às 2h da madruga, estava vazio e deu para descansar até a conexão em Brasília. Da capital, tudo no horário, seguimos para a capital do brasileiro rock progressivo do Clube da Esquina, do trash metal do sepultura e do pop seminal do Skank, Jota quest, Pato Fu. BH, uma metrópole com mais 3 milhões de habitantes nos recebeu com um pouco de frio esquecido com o sorriso estampado no rosto do James, da produção do Alto-Falante, que nos esperava no aeroporto. A atenção e o carinho do James, que também se chama Rodrigo, se estenderia a todos os outros personagens mineiros que apareceriam nessa história. Coisa boa que fez com que esquecêssemos o duro pouso do avião no aeroporto de Confins.
Do aero, atravessamos a cidade em mais de 50 minutos, com direito à explicação do nosso cicerone e guia turístico James. Depois de cruzar BH, chegamos a uma das partes mais altas da cidade, onde fica o hotel Piemonte (que hotel), uma gracinha que faz toda a diferença para uma banda que tá na estrada. O hotel e alimentação foram bancados pela Rede Minas, parceira no projeto Noite alto Falante, que acontece na Obra, onde tocaríamos mais tarde. Depois de deixar as coisas no hotel, o prestativo James (não dá pra não elogiar, porque a atenção dos caras comprova a máxima de que "mineiro é tudo gente boa!") nos passou o relaxado roteiro: fomos a um shopping, onde fica a Oi FM, gravar uma participação para o Programa Frente, do Henrique Portugal, tecladista do Skank. Depois de falar sobre o Acre, a cena, a música e assuntos interligados, fomos experimentar um pouco da culinária mineira: MCdonalds(!). Isso é de fato um fetiche tosco, mas fomos lá. Na verdade a comida mineira só viria na janta (também paga pela rede Minas), num restaurante tradicional da cidade. No Mac, encontramos outra figuraça, que havíamos conhecido no MADA, em Natal, o Thiago, também da produção do Alto-Falante. É muito bacana poder encontrar pessoas que compartilham das idéias sobre o mundo da música independente e o Thiago é um desses caras com consciência e "visão panorâmica". Pra variar, muito papo.
Em seguida fomos gravar o quadro "Garimpo", do Alto-Falante, no espaço cult da cidade, o Café com Letras. Sabe aquele espaço Los Hermanos, que só falta um letreiro dizendo "dedicado especialmente aos estudantes da área de humanas que querem discutir semiótica"? Pois o lugar era esse e fomos lá falar um pouco sobre o tal rock amazônico(!) dos Porongas além, é claro, de fazer as imitações do Terence, da Zélia Duncan, do Dinho Ouro Preto... A produção tinha reservado até a hora da soneca. Voltamos ao hotel e descansamos até às oito e meia, quando fomos passar o som. A Obra é um legítimo pub, literalmente underground (você desce uma escada e o espaço fica no sub-solo). Aquele lugar tem uma bonita história, mesmo sem citar os nomes que já passaram por aquele palco, pode-se afirmar que, sem sombra de dúvidas, A Obra, é dos poucos espaços que conheci, onde o que fala mais alto não é o faturamento da bilheteria, mas a música que é emitida do tímido e suficiente sistema de som. A Obra é o maior palco da cena independente mineira e, quiça do Brasil, muito pelo idealismo e coração impregado no lugar pelo seu mentor maior, o Claudão. Na pasagem, duas coisas massa de cara: um técnico atencioso, o Gil, e "Os quatro Caras", banda pop mineira bem resolvida que, pra variar, tem quatro caras muito gente boa (é a velha máxima).
Enquanto rolava a tradicional conversa paralela (guitarrista - guitarrista, baixista-baixista, batera-batera) eu conversava com o vocalista e sua namorada, que conhecia muita gente de Rio Branco e era muito amiga do Ricardo Bartholo. Há uma teoria de que BH é um ovo. Nos disseram isso várias vezes. Como no Acre a gente também tem a mesma teoria, percebi que o Brasil é um ovo e que todo mundo se encontra nessa estrada doida. Depois da passagem, era hora de desfrutar o jantar redeminiano na companhia do inseparável James, ou Rodrigo, como preferirem. Ao sabor dos tutus, costelinhas e congêneres, muita discussão sobre música mineira. Do clube da Esquina ao Jota quest, passando pela cena independente, foi uma aprendizado do caralho.
O cara tá escreendo um livro sobre o clube da Esquina e descobrimos, durante o papo, quando o Thiago também já tinha chegado ao restaurante, que o Rodrigo era o cara que tinha escrito uma das matérias que mais tinha nos inspirado depois do começo da banda. A matéria falava sobre os dez anos do skank, quando os caras lançaram o cosmotrom, e foi publicada na Zero. Ainda lembro de quando cheguei na casa do João e ele me disse, há mais de um ano: "olha aquela revista ali, tem uma puta matéria sobre o skank". Tinha ficado impressionado com o texto, a abordagem e o conteúdo da matéria. Muito inspiradora também pela própria trajetória do Skank. Era massa poder estar jantando com o cara e dizer pra ele que o seu trabalho tinha nos inspirado. Isso prova que quando a obra é boa, seja música, jornalismo, produção, ela fica, e como fica.
Depois da janta, era hora da batalha. A Obra não ficou lotada nem ficou vazia. O lugar que comporta umas 200 pessoas, devia ter umas oitenta. Todos atentos para o pop competente dos quatro caras, que abriram a noite com um belo sotaque mineiro. Com o clima mais quente, era nossa vez de subir ao palco. O fato de sermos uma banda do Acre gerou, pelo menos, uma curiosidade na galera. Alguns desconfiavam. Teve uma garota que chegou na portaria e perguntou ao segunrança: "Uma banda do Acre? Que som eles fazem?" diante da explicação esforçada do segurança, a moça fez cara de "eu, heim" e preferiu ir embora. É massa ver a reação das pessoas. Será que quando tocássemos a reação também seria essa? Estávamos tranquilos. Quando Claudão nos anunciou, o público se aproximou mais e esperou que começássemos. Fomos tocando nossas músicas, uma a uma. Nada de luzes, máquina de fumaça, microfonação da bateria. Éramos nós e a galera, frente a frente, num diálogo que foi se tornando mais interessante a cada final de canção. Minas sorriu pra gente nessa noite. Rolou até a versão de come together, única que foi balbuciada pelos presentes. A debandada, possível, não aconteceu, e nos despedimos da primeira cidade do sudeste em que tocamos, com um sorriso do tamanho do que ela nos deu, na face do James, quando descemos do avião. Agora é Goiânia, bananada. Até mais. As saudações de sempre!
19 de mai. de 2006
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3 comentários:
Que bom que tudo anda dando certo na batalha de vocês!!!
Fico muito feliz por BH ter gostado do show de vocês!!!
Boa sorte no show do bananada!!!
e aí? chegaram direitinho no Bananada? estou esperando o relato da sexta à noite e do sábado. hehehehe.
Então, tenho escutado o cd de vocês, que inclusive, está sendo disputado a tapa... enfim, quando vires meu amigo caríssimo Rico Bartholo, dê-lhe um hollywood por mim, ele merece!
E pra vocês, bons shows e sucesso, esta banda promete!
Nos encontraremos pelo mundo!
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