19 de mai. de 2006

Dias de estrada

A mini tour dos porongas começou na madrugada de quarta para quinta, quando embarcamos rumo a Belo Horizonte. No vôo encontramos o Presidente da FEM, Assis Pereira, que ia participar de um Forum no interior do Mato Grosso. Ele e outras pessoas, inclusive o pessoal da Gol, nos desejaram boa sorte na empreitada. O matador vôo da Gol, que sai às 2h da madruga, estava vazio e deu para descansar até a conexão em Brasília. Da capital, tudo no horário, seguimos para a capital do brasileiro rock progressivo do Clube da Esquina, do trash metal do sepultura e do pop seminal do Skank, Jota quest, Pato Fu. BH, uma metrópole com mais 3 milhões de habitantes nos recebeu com um pouco de frio esquecido com o sorriso estampado no rosto do James, da produção do Alto-Falante, que nos esperava no aeroporto. A atenção e o carinho do James, que também se chama Rodrigo, se estenderia a todos os outros personagens mineiros que apareceriam nessa história. Coisa boa que fez com que esquecêssemos o duro pouso do avião no aeroporto de Confins.

Do aero, atravessamos a cidade em mais de 50 minutos, com direito à explicação do nosso cicerone e guia turístico James. Depois de cruzar BH, chegamos a uma das partes mais altas da cidade, onde fica o hotel Piemonte (que hotel), uma gracinha que faz toda a diferença para uma banda que tá na estrada. O hotel e alimentação foram bancados pela Rede Minas, parceira no projeto Noite alto Falante, que acontece na Obra, onde tocaríamos mais tarde. Depois de deixar as coisas no hotel, o prestativo James (não dá pra não elogiar, porque a atenção dos caras comprova a máxima de que "mineiro é tudo gente boa!") nos passou o relaxado roteiro: fomos a um shopping, onde fica a Oi FM, gravar uma participação para o Programa Frente, do Henrique Portugal, tecladista do Skank. Depois de falar sobre o Acre, a cena, a música e assuntos interligados, fomos experimentar um pouco da culinária mineira: MCdonalds(!). Isso é de fato um fetiche tosco, mas fomos lá. Na verdade a comida mineira só viria na janta (também paga pela rede Minas), num restaurante tradicional da cidade. No Mac, encontramos outra figuraça, que havíamos conhecido no MADA, em Natal, o Thiago, também da produção do Alto-Falante. É muito bacana poder encontrar pessoas que compartilham das idéias sobre o mundo da música independente e o Thiago é um desses caras com consciência e "visão panorâmica". Pra variar, muito papo.

Em seguida fomos gravar o quadro "Garimpo", do Alto-Falante, no espaço cult da cidade, o Café com Letras. Sabe aquele espaço Los Hermanos, que só falta um letreiro dizendo "dedicado especialmente aos estudantes da área de humanas que querem discutir semiótica"? Pois o lugar era esse e fomos lá falar um pouco sobre o tal rock amazônico(!) dos Porongas além, é claro, de fazer as imitações do Terence, da Zélia Duncan, do Dinho Ouro Preto... A produção tinha reservado até a hora da soneca. Voltamos ao hotel e descansamos até às oito e meia, quando fomos passar o som. A Obra é um legítimo pub, literalmente underground (você desce uma escada e o espaço fica no sub-solo). Aquele lugar tem uma bonita história, mesmo sem citar os nomes que já passaram por aquele palco, pode-se afirmar que, sem sombra de dúvidas, A Obra, é dos poucos espaços que conheci, onde o que fala mais alto não é o faturamento da bilheteria, mas a música que é emitida do tímido e suficiente sistema de som. A Obra é o maior palco da cena independente mineira e, quiça do Brasil, muito pelo idealismo e coração impregado no lugar pelo seu mentor maior, o Claudão. Na pasagem, duas coisas massa de cara: um técnico atencioso, o Gil, e "Os quatro Caras", banda pop mineira bem resolvida que, pra variar, tem quatro caras muito gente boa (é a velha máxima).

Enquanto rolava a tradicional conversa paralela (guitarrista - guitarrista, baixista-baixista, batera-batera) eu conversava com o vocalista e sua namorada, que conhecia muita gente de Rio Branco e era muito amiga do Ricardo Bartholo. Há uma teoria de que BH é um ovo. Nos disseram isso várias vezes. Como no Acre a gente também tem a mesma teoria, percebi que o Brasil é um ovo e que todo mundo se encontra nessa estrada doida. Depois da passagem, era hora de desfrutar o jantar redeminiano na companhia do inseparável James, ou Rodrigo, como preferirem. Ao sabor dos tutus, costelinhas e congêneres, muita discussão sobre música mineira. Do clube da Esquina ao Jota quest, passando pela cena independente, foi uma aprendizado do caralho.

O cara tá escreendo um livro sobre o clube da Esquina e descobrimos, durante o papo, quando o Thiago também já tinha chegado ao restaurante, que o Rodrigo era o cara que tinha escrito uma das matérias que mais tinha nos inspirado depois do começo da banda. A matéria falava sobre os dez anos do skank, quando os caras lançaram o cosmotrom, e foi publicada na Zero. Ainda lembro de quando cheguei na casa do João e ele me disse, há mais de um ano: "olha aquela revista ali, tem uma puta matéria sobre o skank". Tinha ficado impressionado com o texto, a abordagem e o conteúdo da matéria. Muito inspiradora também pela própria trajetória do Skank. Era massa poder estar jantando com o cara e dizer pra ele que o seu trabalho tinha nos inspirado. Isso prova que quando a obra é boa, seja música, jornalismo, produção, ela fica, e como fica.

Depois da janta, era hora da batalha. A Obra não ficou lotada nem ficou vazia. O lugar que comporta umas 200 pessoas, devia ter umas oitenta. Todos atentos para o pop competente dos quatro caras, que abriram a noite com um belo sotaque mineiro. Com o clima mais quente, era nossa vez de subir ao palco. O fato de sermos uma banda do Acre gerou, pelo menos, uma curiosidade na galera. Alguns desconfiavam. Teve uma garota que chegou na portaria e perguntou ao segunrança: "Uma banda do Acre? Que som eles fazem?" diante da explicação esforçada do segurança, a moça fez cara de "eu, heim" e preferiu ir embora. É massa ver a reação das pessoas. Será que quando tocássemos a reação também seria essa? Estávamos tranquilos. Quando Claudão nos anunciou, o público se aproximou mais e esperou que começássemos. Fomos tocando nossas músicas, uma a uma. Nada de luzes, máquina de fumaça, microfonação da bateria. Éramos nós e a galera, frente a frente, num diálogo que foi se tornando mais interessante a cada final de canção. Minas sorriu pra gente nessa noite. Rolou até a versão de come together, única que foi balbuciada pelos presentes. A debandada, possível, não aconteceu, e nos despedimos da primeira cidade do sudeste em que tocamos, com um sorriso do tamanho do que ela nos deu, na face do James, quando descemos do avião. Agora é Goiânia, bananada. Até mais. As saudações de sempre!





3 comentários:

Anônimo disse...

Que bom que tudo anda dando certo na batalha de vocês!!!

Fico muito feliz por BH ter gostado do show de vocês!!!

Boa sorte no show do bananada!!!

Rodrigo James disse...

e aí? chegaram direitinho no Bananada? estou esperando o relato da sexta à noite e do sábado. hehehehe.

Anônimo disse...

Então, tenho escutado o cd de vocês, que inclusive, está sendo disputado a tapa... enfim, quando vires meu amigo caríssimo Rico Bartholo, dê-lhe um hollywood por mim, ele merece!
E pra vocês, bons shows e sucesso, esta banda promete!
Nos encontraremos pelo mundo!